Pra tudo existe uma primeira vez

Desde que cheguei aqui nos Estados Unidos, tenho experimentado com bastante frequência a sensação de "estreia". Aposto que vocês sabem que sensação é essa. É quando você faz, ou vê, ou sente algo pela primeira vez.

Do início de agosto pra cá, eu vi o sol se pôr às nove da noite, vi um pé de uva, um pé de maçã, dirigi carro automático, abasteci o carro eu mesma (sou frentista, beijos), passei as compras no supermercado sozinha (também sou caixa, beijos), vi esquilo e pica-pau. Tudo isso pela primeira vez.

No entanto, a "primeira vez" que eu quero dividir com vocês foi uma das mais especiais até agora. Foi a primeira vez que eu vi neve.

Chegou a hora...

Estou no meu quarto, sentada na minha cadeira, diante do meu computador. Atrás de mim, minha cama. Diante de mim, minhas prateleiras com meus livros. Estou na minha casa. Esta é uma cena cotidiana da minha vida. A diferença é que hoje é o meu último dia aqui. Em meio ao breve caos que tomou conta da minha existência, devido aos presentes, malas e preparativos, tenho me esforçado para compreender a exata dimensão desta aventura que me propus a enfrentar. Não consegui.

O começo das despedidas

De uns dias pra cá eu tenho me sentido meio estranha. A ficha tem caído lentamente. Eu estou indo embora. Leaving everything behind. Essa é uma realidade com a qual eu não estou acostumada... E olhe que tive muito tempo para aprender a lidar com isso. A decisão de fazer esse intercâmbio foi muito pensada, estudada, ponderada. Mas só agora, às vésperas de embarcar, eu estou começando a perceber que eu estou indo viver em um universo completamente diferente do meu. A sensação que eu tenho é que em vez de entrar em um avião e desembarcar em outro país, eu irei embarcar em um foguete e descer em Marte.